
O economista Eugene Fama, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2013 e considerado o “pai das finanças modernas”, acredita que o Bitcoin (BTC) não tem valor real e pode chegar a zero nos próximos dez anos. A declaração foi feita durante uma entrevista ao podcast Capitalisn’t, onde discutiu o impacto das criptomoedas na teoria econômica tradicional.
Bitcoin: bolha ou inovação?
Atualmente, o Bitcoin ultrapassa os US$ 100 mil e possui um valor de mercado superior a US$ 2 trilhões, sendo comparado às gigantes de tecnologia de Wall Street. No entanto, Fama classifica a criptomoeda como uma bolha financeira, embora reconheça que prever quando estourará é um desafio.
“Espero que isso aconteça, porque, caso contrário, teremos que reformular a teoria monetária”, afirmou o economista.
Ele também criticou o uso indiscriminado do termo “bolha” e defendeu que uma bolha financeira só pode ser caracterizada quando há um fim previsível do fenômeno.
Por que o Bitcoin pode perder valor?
Entre os principais pontos levantados por Fama e pelo economista Luigi Zingales, co-apresentador do podcast, estão:
🔹 Falta de regulação global – Não há uma instituição central que fiscalize e assegure transações em Bitcoin, o que gera incerteza.
🔹 Alta volatilidade – A escassez do ativo torna seu preço dependente exclusivamente da demanda, o que leva a grandes oscilações de valor.
🔹 Dificuldade de uso como moeda – Por conta da instabilidade, muitas pessoas não utilizam Bitcoin para transações diárias, reforçando a ideia de que ele seria um “ouro digital”.
“Se não tem utilidade, é apenas um conceito abstrato. Nem papel é, é nada”, argumentou Fama.
O futuro das criptomoedas
A conversa também abordou as stablecoins, criptomoedas lastreadas em ativos tradicionais, como o dólar. Embora Fama reconheça que esse modelo tenha um valor real, ele questiona se faz sentido substituir o dólar tradicional por uma versão digitalizada.
Outro ponto debatido foi o papel das criptomoedas em sistemas financeiros mais livres, permitindo transações sem interferência governamental. Como exemplo, Zingales citou o caso de manifestantes no Canadá, que tiveram contas bancárias bloqueadas durante protestos, mas conseguiram receber doações via criptomoedas.
Por fim, ao ser questionado sobre uma possível regulamentação do setor, Fama ponderou que, se uma bolha ocorrer e investidores perderem dinheiro, o governo pode ser pressionado a intervir.
“Se o governo não for ajudar depois que a bolha explodir, talvez seja melhor estabelecer regras antes disso”, concluiu.