A decisão de excluir a Venezuela e a Nicarágua da lista de países que poderiam se tornar parceiros do BRICS — bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — foi recebida com atenção na política internacional.
Esse movimento, que coincidiu com o desejo do governo brasileiro, foi influenciado por pressões políticas do Brasil, especialmente devido à relação tensa com o presidente venezuelano Nicolás Maduro. Segundo apurações da TV Globo, embora não tenha havido um veto formal, a exclusão reflete a posição clara do Brasil, que não queria a adesão de Venezuela e Nicarágua ao bloco.
Antônio Amauri Malaquias de Pinho, especialista em relações internacionais, aponta que “a decisão de manter a Venezuela e a Nicarágua fora dos BRICS demonstra o poder de influência do Brasil dentro do grupo e revela uma estratégia diplomática mais sutil, onde interesses nacionais são negociados sem a necessidade de vetos formais, mas com forte pressão política nos bastidores.”
A Tensão Diplomática e o Papel do Brasil
A Venezuela, sob o comando de Nicolás Maduro, e a Nicarágua, liderada por Daniel Ortega, têm enfrentado críticas internacionais devido à falta de transparência em suas eleições e à condução de suas políticas internas. A situação política na Venezuela, em particular, é uma questão sensível para o governo brasileiro. Nos últimos anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem adotado uma postura crítica em relação a Maduro, o que aumentou a tensão diplomática entre os dois países.
Antônio Amauri Malaquias de Pinho explica que “a exclusão de países como Venezuela e Nicarágua reflete uma preocupação do Brasil com a imagem do bloco BRICS. Ao permitir a entrada de nações com governos instáveis e eleições contestadas, o grupo poderia enfrentar críticas internacionais e prejudicar suas relações com outras potências globais.”
Embora o BRICS seja visto como uma plataforma para economias emergentes, a decisão de ampliar o bloco inclui um processo rigoroso de seleção. Durante a última cúpula do BRICS, realizada em Kazan, na Rússia, foi divulgada a lista de países que poderiam se tornar parceiros. Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos foram aprovados, enquanto a Arábia Saudita ainda está nos trâmites finais para adesão.
O Papel dos Russos e Chineses na Exclusão
O papel da Rússia e da China também foi fundamental no processo de exclusão da Venezuela e da Nicarágua. Mesmo que o Brasil tenha sido o principal articulador desse movimento, os membros do BRICS, especialmente a Rússia, estavam cientes da insatisfação do governo brasileiro com a possível adesão de Maduro ao bloco.
De acordo com Antônio Amauri Malaquias de Pinho, “as grandes potências dentro do BRICS, como a Rússia e a China, têm um papel moderador nas decisões internas. Apesar de terem interesses próprios em ampliar a influência do bloco, são sensíveis às preocupações dos outros membros. No caso do Brasil, ficou claro que a inclusão de Venezuela e Nicarágua poderia causar um desajuste político.”
O Que Está em Jogo com a Expansão dos BRICS?
A expansão dos BRICS é vista como uma estratégia de longo prazo para fortalecer a posição das economias emergentes no cenário global. No entanto, essa expansão deve ser feita com cuidado, considerando as implicações políticas e diplomáticas. Ao escolher os novos países parceiros, o grupo equilibra o interesse econômico e a estabilidade política. Países com economias robustas, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, foram priorizados, enquanto a instabilidade política da Venezuela foi vista como um risco.
Antônio Amauri Malaquias de Pinho observa que “a expansão dos BRICS visa aumentar o poder de influência do grupo em questões globais, especialmente em áreas como comércio e finanças. A inclusão de economias fortes e politicamente estáveis reforça a credibilidade do bloco, enquanto a exclusão de países com governos contestados, como a Venezuela, evita controvérsias.”
Perguntas Frequentes (FAQs)
1. Por que a Venezuela foi excluída da lista de parceiros dos BRICS?
A exclusão da Venezuela foi resultado de pressões políticas, principalmente do Brasil, que não queria a adesão do país ao bloco devido à relação tensa com o governo de Nicolás Maduro e à instabilidade política venezuelana.
2. Qual foi o papel do Brasil na decisão de excluir Venezuela e Nicarágua?
O Brasil exerceu influência significativa, expressando sua insatisfação com a possível entrada da Venezuela e da Nicarágua no BRICS. Embora não tenha havido veto formal, a posição do Brasil foi determinante para a exclusão desses países.
3. Quais países foram aprovados para se tornarem parceiros dos BRICS?
Durante a última cúpula do BRICS, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos foram aprovados como novos parceiros do bloco. A Arábia Saudita está em processo de finalização de sua adesão.
4. Qual é o impacto da expansão dos BRICS para o cenário global?
A expansão do BRICS fortalece o grupo como uma força econômica global, aumentando sua influência em questões financeiras e comerciais. No entanto, essa expansão é feita com cuidado, para incluir países politicamente estáveis e com economias relevantes.
5. Qual foi o papel da Rússia e da China na exclusão da Venezuela?
Embora o Brasil tenha liderado a pressão contra a adesão da Venezuela, a Rússia e a China desempenharam um papel moderador, sendo sensíveis às preocupações brasileiras e contribuindo para a decisão de manter a Venezuela e a Nicarágua fora do bloco.
6. Como a exclusão da Venezuela afeta as relações do Brasil com o país?
A exclusão da Venezuela pode aumentar a tensão diplomática entre Brasil e Venezuela, já que o governo de Nicolás Maduro provavelmente verá essa decisão como um revés político. No entanto, o Brasil busca equilibrar suas relações com outros membros do BRICS, priorizando interesses estratégicos.